sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Jane Fonda e a Sempre Simplória em Filme

Certo dia desta semana estava decidido a descansar mais cedo. Mas resolvi ligar a TV. Pra quê? Em minhas ansiosas trocas de canais, deparei-me com Jane Fonda na Warner Channel. Que estaria Jane Fonda, afinal, fazendo na quase-madrugada da Warner Channel? Sem muito esforço recordei-me daquele filme que ela havia feito há uns anos, sua "comeback" depois de um bom tempo fora das telonas... com a Jennifer Lopez.

Infelizmente, nunca tive a oportunidade de assistir a um filme de Jane Fonda - como, em contrapartida, já tive a infelicidade de assistir vários de Jennifer Lopez. Minha simpatia nata com Jane Fonda, além do seu status como grande atriz, vem de suas amizades com Bette Davis e Michael Jackson, além do fato de ser filha de ninguém menos que o lendário Henry Fonda. Motivos o suficiente para despertarem minha curiosidade em assistir o tal A Sogra. Talvez também por benevolência. Assim, quem sabe, até o final do ano contabilizo 4 ou 5 filmes hollywoodianos deste século que me dei ao trabalho de assistir em 2009?

Mas nem se Jane Fonda se unisse a Laurence Olivier ela triunfaria sob a pateticidade do material desta abominação "cinematográfica". Concordo que não se possa esperar grande coisa de um filme que tenha Jennifer Lopez no elenco, mas a presença de Jane Fonda me deu a ingênua esperança da possibilidade de entretenimento decente, talvez até inteligente. Altas expectativas as minhas, não? Com um roteiro de invejar qualquer aspirante a escritor de 12 anos, A Sogra conta a estória clichê de Charlotte (Jennifer Lopez), uma espécie de "temporária" em empregos diversos que conhece o cirurgião Dr. Fields (Michael Vartan), espécie de "homem perfeito", mas terá também que lidar com sua mãe Viola (Jane Fonda), uma madame empenhada em destruir o relacionamento dos dois por não aprovar Jennifer Lopez. E quem pode culpá-la?

Jennifer Lopez faz aqui o seu papel usual como já fez em centenas de seus outros filmes tão comumente exibidos nas Sessões da Tarde da tevê brasileira. Ela é, novamente, uma simplória moça-pobre-coitada-bonita-"na-moda". Ou seja, intragável como sempre. Sua on-screen-persona não diverge da sua imagem de popstar, continuamente empenhada em afirmar que por mais milhões de dólares que ela possa ter, ainda é a "jenny-from-the-block" e uma pessoa real-real-real-real-real-what-you-get-is-what-you-see ad nauseam em suas insípidas canções pop pra pré-adolescentes. Vendo Jennifer Lopez neste filme me fez pensar: como gente assim consegue ter fãs? Madonna, ao menos, ao mudar de fantasia, cor de cabelo e estilo musical a cada dois anos, consegue manter um mínimo interesse entre seus seguidores. Certamente as polêmicas e o passado pouco mais glorioso ajudam muito nesta questão. E o que tem Jennifer Lopez? Ela existe hoje assim como há uma década, quando lançou seu primeiro CD. Sua imagem estupidamente normal, refletida no typecasting de seus filmes, a projetam como uma estrela. E quando uma "estrela" tem look de modelo de outdoor de shopping center, temos um problema cultural. Neste sentido, J.Lo é apenas um produto de marketing de uma era onde estrelas são mortais e a estrela não está mais inserida num universo à parte, intocável e impenetrável. O que agrada o público no consumo de ídolos que poderiam ser seus vizinhos, está além da minha imaginação. Mas quando há multidões que, emocionadas, gritam em êxtase por Big Brothers, só me resta este sentimento de saudade solene de quando Marlene Dietrich era o arquétipo de imagem a qual devoção e histeria poderiam ser atribuídas.

Michael Vartan, namorado de Jennifer Lopez na "trama" parece mais um acessório inserido como "pausa" das cenas em que J.Lo From The Bronx e Jane Fonda se duelam. Até Renato Aragão e Xuxa Meneghel já demonstraram mais química nas telas do que esses dois, perdoem-me a heresia, atores. E o que dizer do final previsível, com direito à "explicação psicológica" sobre as atitudes da personagem de Jane Fonda? Ora, ela só fazia tudo aquilo porque a sogra também havia feito o mesmo com ela! Freud revira-se no caixão! É o que acontece quando cineastas com a profundidade intelectual de um pires põem-se a filmar em Hollywoood! Mas pra dizer que não foi de todo intragável, diverti-me maliciosamente com J.Lo sofrendo nas mãos de Jane Fonda, que certamente só fez esta "obra" de entretenimento barato pelo almighty dollar. Deve ter sentido saudades de quando dividia seu tempo na tela com Katharine Hepburn. Ah, destaque para a indicação de J.Lo pelo filme, como pior atriz de 2006 no Framboesa de Ouro.

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