sexta-feira, 12 de setembro de 2008

O Octênio da Repetição

"Vou seguindo pela vida
Me esquecendo de você
Eu não quero mais a morte
Tenho muito que viver

Vou querer amar de novo

E se não der não vou sofrer

Já não sonho

Hoje faço com meu braço o meu viver..."


Milton Nascimento, "Travessia".


O Octênio da Repetição
Bruno Vilângelo

À vedada tez:
Por tanto tenho o rubro do olhar
Minha chapliniana máscara de pantomima cansada
Desatinada
De longínquia estar a ventura
Que os sentidos já há tanto anseiam

A ostentar na languidez dos passos
Desonra inconfessável
Que cesso em escutá-los e existí-los: não os quero mais
Destemidez sou agora
Em sinuosas lembranças de outrora

E quando nos passos mudos e prostrados
Confronto a crueza nua destes degraus
Não mais quero que vejam minha'lma
Em lancinante putrefação

A mim e à minha fortaleza perdida
Estou certo ao subir nestes passos prosaicos
Que, por tanto tempo
Crescer de nada adiantou
Meu imutável intrínseco de sofrer...
Nada mudou.

Um comentário:

Nathaly Brenner disse...

não podia ser uma melhor volta a poesia! :)

abraço,
nathyka

http://www.colorizar.wordpress.com